HISTÓRIA DO JATEAMENTO
E tudo começou com um grão de areia...
Marcas deixadas na vidraça de sua casa por uma tempestade de areia
levaram um técnico americano, no século passado, aos rudimentos do
jateamento, hoje ferramenta industrial de muita precisão, ainda
não explorada em toda a sai potencialidade. Aqui, a fascinante
história dos vários processos de jateamento e de suas aplicações.
Ilustração da 1ª patente de um engenho para jateamento, 1870, EUA.
Tudo começou em 1870, quando um certo Tilgman requereu, nos EUA, a
primeira patente de uma máquina para jateamento com areia. Curiosa
era a afirmação de Tilgman de que a máquina serviria para
ornamentar e gravar letras em granito e mármore. A idéia lhe
ocorrera com a reprodução de uma grade sobre a vidraça, depois de
uma tempestade de areia.
A partir daí, o processo evoluiu, impulsionado pelos mais diversos
fatores.
Na histórica batalha travada em 1862 durante a guerra civil
americana, entre o Monitor e o Merrimac, ficou demonstrada a
superioridade dos navios construídos em aço sobre os de madeira.
Com a rápida modernização das principais armadas da época, a
começar pela Inglaterra, o "Jato de Areia" passou a resolver os
graves problemas de fixação de tintas de proteção e de limpeza de
incrustações.
Mais de cem anos de evolução, acelerando-se hoje, a princípio,
gradativamente e hoje vertiginosamente, transformaram o jateamento
em uma ferramenta industrial de precisão. É curioso notar, por
exemplo, que a esfinge e as pirâmides egípcias são limpas
continuamente pela ação da areia do deserto sendo impulsionada
pelos ventos - isso é um jateamento, apesar de ser a natureza a
única responsável. Mas, por que não limpar a Ponte de Londres ou o
bronze do busto do Napoleão com uma aplicação de jato? E mais, por
que não ser um pouco mais ousado e retirar as rebarbas
indesejáveis de agulhas hipodérmicas?
Aquela imagem do processo sendo executado nos cantos mais
afastados, altamente poluente, aplicável apenas em peças rústicas,
tende a desaparecer, aceitando-se como solução eficiente,
econômica e confiável para tratamento superficial também em peças
de precisão. A presença de equipamentos de jato em linhas de
montagem, lado a lado com máquinas convencionais, era há poucos
anos totalmente inviável ao contrário do que ocorre hoje.
Uma atividade industrial que mais contribuiu para o
desenvolvimento do processo foi a da fabricação e manutenção
aeronáutica. Contam-se em milhares as operações de jateamento nas
mais diversas partes de uma aeronave, desde aplicações nas
células, trens de pouso etc.
Para recuperar uma turbina de GE, CF6-50 (DC-10, Jumbo etc.), são
especificadas cerca de dez mil operações com esferas de vidro,
óxido de alumínio, cascas de noz e granalhas de aço, empregando-se
processos a seco ou úmidos em equipamentos bastante complexos que
garantem não só a uniformidade de aplicação como a repetição
rigorosa de operações. Dessa área, o processo transbordou para as
demais indústrias, tanto que hoje ele se aplica a todos
indiscriminadamente quer na produção quer, pelo menos, para a sua
manutenção.
Entre as aplicações de jateamento, as mais importantes são:
limpeza, acabamento, desrebarbamento, gravação e, mais
recentemente, o "shot-peening". O primeiro material a ser
empregado foi a areia, mas devido aos problemas pulmonares
provocados por este material, outros produtos granulados começaram
a ser utilizados, como o óxido de alumínio, as granalhas de aço
(esférica e angular), os materiais de origem orgânica (cascas de
noz, sabugo de milho, ossos de peixe) e, para revolucionar todos
estes, as esferas de vidro.